Jornal do Brasil: A lista do mensalão
Dinheiro de Valério ajudou sete partidos
Hugo Marques
BRASÍLIA - O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, revelou no seu depoimento à Procuradoria-Geral da República, no dia 15, que os empréstimos feitos por Marcos Valério Fernandes de Souza pagaram a ampliação de diretórios municipais de sete partidos políticos. Além do próprio PT, o dinheiro alimentou a ampliação dos diretórios de siglas da base aliada do governo no Congresso. Os beneficiários do dinheiro de Marcos Valério são o PTB, PL, PSB, PC do B, PP e parte do PMDB.
Delúbio negou o pagamento de mensalão. No mesmo depoimento, no entanto, o ex-tesoureiro explicou que os empréstimos feitos por Marcos Valério eram destinados a credores, membros do PT e ''aliados indicados pelo declarante''. O ex-tesoureiro petista confirma que parte do dinheiro foi recebido por ''candidatos parlamentares'', entre eles o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), ''alguns presidentes'' e ''pessoas indicadas por partidos aliados''.
Os empréstimos nos bancos Rural e BMG em fevereiro e maio de 2003 - que juntos somam R$ 5,4 milhões - segundo Delúbio, foram utilizados no pagamento de ''despesas efetuadas na transição e na posse presidencial''. O ex-tesoureiro explicou que o PT custeou todas as despesas referentes à transição do governo federal e da posse pela falta de ''condições necessárias'' do ''cerimonial'', suposta referência ao Cerimonial da Presidência da República, a quem cabe conduzir as festas de posse presidencial.
Delúbio contou que conheceu Marcos Valério no segundo semestre de 2002, apresentado por amigos de Minas Gerais, entre eles o deputado Virgílio Guimarães (PT).
O ex-tesoureiro disse ao procurador ter assinado um ''documento pessoal garantindo o pagamento da dívida''. Delúbio garantiu que o acordo informal feito com Marcos Valério não era do conhecimento do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e ''nem a qualquer outro integrante do governo''. O ex-secretário-geral, Sílvio Pereira, disse Delúbio, tinha conhecimento do acordo.
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