Prestações de contas das campanhas são impressionantes
Aos sábados, ele começa mais cedo : das 12 às 13 horas. Agora, segue a programação de esportes em cadeia com a Rede Jovem Pan Sat e, a partir das 15 horas, a Equipe Fiel de Esportes da Independente assume as transmissões, com a Copa Interbairros de Aquidauana.
Bem, depois do "nariz-de-cera" acima, vamos ao ponto que interessa.
Estou analisando, atentamente, algumas prestações de contas de campanhas políticas que, aleatoriamente, foram enviadas ao blog pela minha antiga e confiável fonte, o "papagaio falador", que me supre com informes precisos - fazendo o papel de um "Deep Throat" pantaneiro, mesmo não sendo do FBI - sempre transformados em informações, depois de rigorosa checagem, desde abril de 1990, quando comecei a denunciar o cartel do narcotráfico na fronteira do Brasil com a Bolívia.
Mais uma vez, fico chocado com algumas coisas - para dizer o mínimo - "curiosas" que percebo com o "faro fino" de repórter.
Como é que certas "coisas fenomenais" não são, às vezes, percebidas pelas autoridades encarregadas de analisar as contas dos candidatos a cargos eletivos, hein ?
E por favor : não venha ninguém com aquele "papo furado" de querer transformar o repórter, o jornalista, o investigador, em "sensacionalista tendencioso cujo objetivo único é denegrir este ou aquele Poder ou esta ou aquela pessoa".
A democracia precisa - e nós jornalistas só podemos trabalhar livremente se tivermos garantias constitucionais - do perfeito funcionamento dos três Poderes. Essas instituições têm que ser preservadas, pois sem elas não há democracia, não existe liberdade, não vigora o Estado de Direito pelo qual tantos lutaram.
Mas fico aqui pensando com os meus botões : "__ Como é que certas 'curiosidades' não são percebidas?"
Explico : Dias atrás, nesta semana, eu conversava pelo telefone com a atenciosa colega e assessora de imprensa do Tribunal Regional Eleitoral. Queria checar os dados publicados pelo jornal "O Estado de São Paulo", de grande tradição na História neste país, principalmente na luta pelas liberdades democráticas. O "Estadão" já foi "empastelado". Fechado, ficou sob intervenção do governo. No pós 1964, publicava na primeira página versos dos "Lusíadas", de Camões; ou receitas de bolos. Sabe porquê, leitor mais jovem? Porque as notícias eram censuradas e não podiam ser publicadas.
Aí o editor comunicava aos leitores a censura sofrida, por meio da publicação das receitas de bolo e dos versos do grande poeta português.
Hoje, podemos publicar tudo. O limite é aquele exigido pelo código de ética dos jornalistas profissionais. Não aqueles que recebem trocados ou fortunas para esconder da opinião pública as notícias que os poderosos de plantão não querem que sejam publicadas.
Qualquer pessoa que achar que foi prejudicada, tem à sua disposição o Código Penal Brasileiro, que tipifica muito bem os crimes contra a honra.
Mas, como eu dizia, nesta semana que se encerra, parece - e Deus queira que este repórter que sente até hoje a perseguição por falar e escrever o que muitos não gostam - que houve uma "blindagem" ao redor da notícia escrita pelo repórter José Maria Tomazela, do "Estado de São Paulo", que abordou a questão das doações feitas a candidatos a cargos eletivos neste Estado, e que o blog publicou com exclusividade, só "furada" pelo site Capital do Pantanal.
Nem mesmo o "direito de resposta" escrito pelo senador corumbaense e boa praça Delcídio Amaral foi publicado na imprensa de Mato Grosso do Sul.
Corrijam-me, caso eu esteja errado, pois disponho, confesso, de pouco tempo e escassos meios para checar tudo o que é publicado durante um dia.
O que será que aconteceu nas redações? Bem, talvez a resposta do nosso senador pantaneiro não tivesse importância editorial, não é mesmo? É, pode ser!
Publicar ou não publicar! Eis a questão que todos os editores têm que resolver todos os dias.
E como já disse o filósofo : "Cada cabeça, uma sentença, uma decisão."
Mas, voltando ao papo com a colega assessora do TRE, eu perguntava se a citação - não por mim, mas pelo então integrante do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul, Luis Steffanini - numa sustentação oral no plenário daquela Corte, não havia chamado a atenção de nenhum dos seus pares.
A resposta foi "não, pois não foram apresentadas provas concretas".
Mas o deputado federal Roberto Jefferson também não apresentou provas. Mas falou muita coisa que está dando em tudo isso que aí está no nosso "Brasil brasileiro", onde vive o "Meu mulato inzoneiro" e que "Vou cantar-te nos meus versos. O Brasil, samba que dá. Bamboleio que faz gingar.", como escreveu Ary Barroso no inesquecível carnaval de 1939, quando o meu pai tinha nove aninhos de idade.
Insisti com a dedicada e, repito, atenciosa e paciente assessora : "__ Mas existe a empresa com sede nas Ilhas Cayman, citada pelo jornal paulista? Alguém checou o que foi dito pelo doutor Steffanini, sobre a ADM Exportação e Importação Limitada? Ele falou sem nenhum embasamento?"
Percebendo que a minha insistência, como sempre acontece, causa certa perplexidade, ouço : "__ Mas tudo foi aprovado e não existe nenhuma investigação pelo TRE."
Isso é fato. Portanto, é verdade. Porque não existe fato inverídico, ensinam os Manuais de redação. Se é fato é porque é verídico. Já publiquei, inclusive, aqui no blog. Peço que o leitor veja e consulte o arquivo desta semana.
Aí rebato : "__ Mas, então, se alguém apresentar - em tese, claro, e não tem nenhuma relação com a reportagem do 'Estadão' - uma prestação de contas com doações feitas por Fernandinho Beira-Mar, Al Capone - se fosse vivo - e Marcos Valério Fernandes de Souza e sua SMP&B Comunicação, tá tudo bem, tá tudo certo? Não haverá nenhuma investigação ao serem percebidos esses nomes 'ilustres' como doadores de campanha política?"
A assessora responde : " __ Armando, são necessárias provas nos autos."
Chato como sempre, insisto : "__ Mas fortes indícios não são condições necessárias e suficientes para a abertura de um inquérito, de uma investigação?"
Escuto a resposta : "__ Quem faz denúncias é o Ministério Público Eleitoral."
"Então tá tudo muito bom, tá tudo muito bem", respondo resignado, lembrando do sucesso da Banda Blitz, dos anos 1980, quando ainda cursava jornalismo na PUC do Rio, mas não inteiramente satisfeito.
Aí penso com os meus velhos e enferrujados botões : "__ Vou investigar por conta própria, começando pelo ínclito representante do Parquet, o promotor eleitoral!"
Afinal, o Brasil todo deve muito à ação obstinada, em defesa da moralidade no tratamento com a coisa pública, dos valorosos integrantes do Ministério Público, sempre aliados à nossa correta e imparcial Justiça, que garante uma verdadeira faxina na política feita por alguns poucos que não têm compromisso com a honestidade.
Chamo o "papagaio falador". A velha ave penada informa que está à inteira disposição e, como fonte amiga, adverte : "__ Armandinho, depois das denúncias contra o narcotráfico, você vai se meter agora com dinheiro de campanha política? Isso é muito perigoso, meu amigo!"
Digo que não. Não vou me meter com nada. Vou apenas noticiar, pois ressalto que não sou advogado, delegado, promotor ou juiz.
Mas não poso abrir mão de ser repórter.
Afinal, repórter investigativo é uma coisa. Segurador de microfone, gravador ou bloco de notas é outra coisa. Com todo o respeito!
Sei, já senti e ainda sinto na carne que o preço é caro. Muito caro. Por isso não fiquei materialmente rico até hoje.
Mas vamos lá! Deus é grande! "Allah Wackbar!"
P.S.: Preciso, mais do que nunca, da valiosa ajuda dos leitores. Não é necessária a identificação, basta clicar aqui embaixo - em "comments" - e enviar o seu comentário, a sua opinião, a sua crítica, a sua sugestão, a sua dica, a sua informação preciosa.
A foto que ilustra este artigo é de autoria de Dave L. Ryan e mostra cédulas de dinheiro caindo sobre um homem de negócios.
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