Costa Neto reafirma depoimentos no Conselho de Ética
O presidente do Partido Liberal, ex-deputado Valdemar Costa Neto, confirmou hoje no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar o depoimento prestado ontem na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Compra de Votos. Mais uma vez ele afirmou que houve uma reunião em 2002 na casa do deputado Paulo Rocha (PT-PA) para fechar o acordo que criaria a chapa presidencial com Lula e José Alencar e isentou os dois de participação no acordo financeiro entre PT e PL. Também afirmou que a negociação foi legal e puramente política.Segundo Costa Neto, enquanto ele, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o deputado José Dirceu (PT-SP) tratavam do acordo financeiro, Lula e Alencar tentavam convencê-lo a firmar apenas um acordo político.Costa Neto afirmou também que a verticalização das coligações partidárias pegou o PL de surpresa, e que o partido não teria dinheiro para fazer o caixa de campanha dos candidatos a deputado federal. Por isso, não poderia abrir mão da contribuição do PT.Íntegra do depoimento Costa Neto entregou ao conselho seis fitas de vídeo contendo a íntegra das nove horas de depoimento prestado na terça-feira. Mas a pedido do deputado Jairo Carneiro (PFL-BA), relator do processo contra o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), foi fechado um acordo para que Costa Neto respondesse, durante 30 minutos, apenas às perguntas da relatoria e do advogado que representa Jefferson.O ex-deputado confirmou que recebeu dinheiro das empresas de Marcos Valério de Souza como parte do pagamento do acordo de campanha feito entre o PT e o PL. Valdemar Costa Neto voltou a negar a acusação feita pelo presidente licenciado do PTB de que ele seria um dos operadores do chamado "mensalão". "Nunca paguei mesada a nenhum deputado. O PL sempre votou uniformemente com o governo. Alguns deputados, dependendo da matéria, eram liberados. O nosso percentual de votos a favor do governo era melhor que o do PT."Documentos da ex-mulher A ex-mulher de Costa Neto, Maria Christina Mendes Caldeira, apareceu de surpresa na reunião do Conselho de Ética para entregar aos deputados o convite do governo de Taiwan para um jantar com a participação de representantes do Parlamento brasileiro, entre os quais estaria o presidente do PL, que teria feito parte da mesa de honra. Segundo Maria Christina, esse é o jantar do qual Costa Neto negou ter participado em seu depoimento de ontem na CPMI. Ela entregou o convite ao presidente do conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), e fez o que chamou de desabafo. "Não tenho nada a reclamar do Valdemar marido. Minha reclamação é contra o Valdemar político. Eu acho que ele deveria ser 100% ético e renunciar à presidência do PL”, enfatizou Maria Christina.Orientado pelos advogados, Costa Neto não comentou as declarações da ex-esposa. Relatório O Conselho de Ética deve votar o relatório da representação que pede a perda do mandato e dos direitos políticos do deputado Roberto Jefferson até o final desta semana. Caso seja aprovado, o relatório seguirá para a Mesa Diretora da Câmara, que terá prazo regimental de duas sessões para colocá-lo em votação no Plenário. O deputado Ricardo Izar acredita que todos os prazos serão cumpridos. "Vocês vêem que no caso do Roberto Jefferson tínhamos 90 dias e terminamos em 80. Nos próximos processos esperamos terminar em menos de 60 dias."Plano de trabalhoOs integrantes do conselho aprovaram, ainda, o plano de trabalho apresentado pelo deputado Julio Delgado (PSB-MG), relator do processo de cassação contra o deputado José Dirceu (PT-SP). As datas do cronograma ainda não foram confirmadas, mas o conselho deve ouvir sete testemunhas, sendo cinco de defesa e duas de acusação. Entre os convidados estão: o empresário Marcos Valério, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira e o ex-presidente do PT José Genoino.
Reportagem - Giulianno Cartaxo
Edição - Regina Céli Assumpção
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