Tutty Vasques: Gente fina é outra coisa
Gente fina é outra coisa
06.08.2005
Sabe Deus que remedinho Eduardo Suplicy anda tomando, mas, justiça seja feita, seu médico – tão criticado em outras ocasiões – dessa vez acertou a dose na mosca. A tranqüilidade com que o senador tirou Roberto Jefferson do sério na CPI do Mensalão, francamente, se deixá-los a sós por algumas horas, o deputado acaba confessando que história é essa dos tais instintos primitivos que os homens de esquerda lhe despertam. Acostumado a conversas não-republicanas com José Dirceu, Jefferson foi à loucura com a fala mansa, pausada e educada do sogro da Maria Paula. Não importa aqui o texto, muito menos o contexto do que dizia o senador – a lógica, como se sabe, anda inteiramente fora de moda em Brasília. O fato relevante no caso é que Roberto Jefferson perdeu pela primeira vez o controle diante das câmeras, deu faniquito ao vivo e em cores na TV Senado. Rasgou papel, lembrou do tempo em que o senador não dizia coisa com coisa (em 1992, Suplicy foi procurar nas ruas de Nova York uma mulher enterrada no Brasil) e, por fim, tornou pública a inveja incontrolável que tem do jeitinho bem criado do senador:– A Vossa Excelência tudo se perdoa! – resmungou. Pensando bem, Eduardo Suplicy tem tudo aquilo que falta a Roberto Jefferson: corpinho definido, modos de gente rica, caráter inofensivo, habilidade no esqui, ar confiável, roupas bem cortadas, bom gosto, amigas bonitas, algumas idéias, duas ou três músicas de Bob Dylan no repertório e, sobretudo, charme. Como se não bastasse, o senador – para quem não tem acompanhado seu desempenho nessa crise – está apaixonado. A ponto de sair do banho correndo para abrir a porta, escorregar, cair, bater com a cabeça na parede, galo, gelo, band-aid e o escambau. O nobre Suplicy, isso Jefferson não perdoa em vossa excelência nenhuma, tem um coraçãozinho de garoto. O deputado não sabe se o que traz no peito é ciúme, despeito, amizade ou horror. Roberto Jefferson não queria ser assim. Tentou a seu modo mudar, perdeu 80 quilos, caiu da estante e, sobretudo, achou que defendendo os interesses dos endinheirados um dia ficaria com aparência de rico. Daí o tal instinto primitivo que aflora no deputado quando olha nos olhos de Eduardo Suplicy. Ele queria ser assim.







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