Corregedor defende apuração de acusações contra Severino

O corregedor da Câmara, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), considerou "muito fortes" as acusações feitas hoje pelo empresário Sebastião Buani contra o presidente da Casa, Severino Cavalcanti, mas disse que é preciso apurá-las antes de qualquer julgamento. "As declarações são muito fortes e precisam ser esclarecidas o mais rapidamente possível."
Para Ciro Nogueira, o eventual aparecimento do cheque que o empresário afirma ter entregue a Severino em troca da concessão de um dos restaurantes da Câmara pode se constituir em prova contra o deputado. "O Buani disse que já requisitou o cheque, então vamos ver se ele existe mesmo e se consta em seu verso a assinatura do motorista do presidente", disse.
Licença do cargo
O corregedor afirmou ainda que um eventual pedido de licença da Presidência será uma decisão pessoal de Severino Cavalcanti. Já o líder do PDT, deputado Severiano Alves (BA), avalia que não há mais margem para o afastamento voluntário do presidente. "Diante da evidência dos fatos, acho que não há mais campo para que ele peça licença", disse Alves. "Se ele pedir o afastamento do cargo, não vai se sustentar como deputado."
O 4º secretário da Câmara, deputado João Caldas (PL-AL), que acompanha as apurações da Corregedoria, garante que a Casa não deixará de esclarecer as denúncias e de dar uma resposta à opinião pública. "A Câmara não salva a pele de ninguém, pois ninguém está acima da lei. Vamos apurar todas as denúncias, mas o que não podemos fazer é condenar precipitadamente, já que há um rito legal a ser seguido."
Severino nega denúncia
O presidente da Câmara, que pediu as investigações sobre as denúncias à Polícia Federal e à Corregedoria da Casa, nega as acusações em notas oficiais distribuídas desde a última sexta-feira (2). De acordo com ele, nenhuma só dúvida deverá ficar sem resposta. "A Administração da Câmara é transparente, não tem nada a esconder, nem à imprensa, nem à opinião pública", disse Severino.
Retorno imediato
Para o líder do PT, deputado Henrique Fontana (RS), a investigação das denúncias deve ser "extremamente rápida". Ele sugere que o presidente Severino, que participa de evento da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque, retorne logo ao Brasil. "Solicitamos que ele retorne o mais rápido possível e reúna os líderes partidários e os membros da Mesa Diretora para definir a ordem em que essa investigação vai andar."