Deputados listam motivos para continuar no PT

Deputados do chamado bloco independente do PT divulgaram nota nesta quinta-feira (25) em que anunciam a permanência no Partido dos Trabalhadores. A nota lista uma série de motivos pelos quais eles justificam a decisão de não deixar o PT.
Assinam o documento os deputados petistas: Antonio Carlos Biscaia (RJ); Doutora Clair (PR);Doutor Rosinha (PR); Gilmar Machado (MG);Iara Bernardi (SP); João Grandão (MS);Luiz Alberto (BA);Mauro Passos (SC);Nazareno Fonteles (PI);Orlando Desconsi (RS);Paulo Rubem Santiago (PE);Tarcísio Zimmermann (RS) e Walter Pinheiro (BA).
Leia a íntegra da nota:

NÓS FICAMOS NO PT!
Milhares de militantes petistas, no Brasil inteiro, enfrentam um grande dilema. O que fazer diante de uma crise sem precedentes que atingiu em cheio o coração do partido? A saída é reconstruir e valorizar um patrimônio ético e político construído ao longo dos últimos 25 anos ou abandonar essa história e começar de novo em torno de uma nova sigla? Vários companheiros escolheram a segunda alternativa, e a respeitamos. Quiçá nos encontraremos mais na frente noutra curva da nossa história. Estamos convictos de que o PT, tem ainda condições, se for orientado pela autocrítica de suas bases, de contribuir, junto com outras forças de esquerda, para a construção de um projeto de nação democrática, aprofundando a justiça social, a equidade de oportunidades e a distribuição da renda e da riqueza.
Permanecer no PT significa valorizar nossa trajetória de resistência e de luta. A democracia que temos hoje no Brasil deve muito ao PT (mas não só ao PT). Além disso, em centenas de administrações municipais, o PT mostrou que a participação direta da população nas decisões governamentais, por meio do Orçamento Participativo, é um instrumento poderoso de construção de cidadania e de inclusão social.
Permanecer no PT significa reconhecer e valorizar os mais de 314 mil filiados que participaram do Processo de Eleição Direta (PED) para escolher as novas direções partidárias. Não é pouca coisa o fato de que, após 120 dias de graves denúncias e duros ataques, tenhamos este número impressionante de participantes, num verdadeiro espetáculo de cidadania e vitalidade política. O PED enfrentou e no segundo turno enfrenta o ciclo de monopólio do Campo Majoritário e reafirma a importância da pluralidade e do debate interno. Os filiados e militantes afirmaram no PED a necessidade da renovação e do fortalecimento do PT. Os petistas provaram que nossa base é forte, que ela ainda tem esperança no PT, mas que também exige mudanças nos rumos do partido e do governo.
Permanecer no PT é compreender que a maioria de nossos militantes que votaram no PED, votaram por mudanças na política econômica para reduzir com maior velocidade as desigualdades sociais e o desemprego que oprimem e humilham largas parcelas do nosso povo, bem como na reaproximação do governo com os movimentos sociais.
Permanecer no PT, significa que estaremos engajados, nos próximos dias, junto com milhares e milhares de filiados e filiadas, no compromisso de eleger RAUL PONT para a Presidência do PT, reafirmando nossa pluralidade, nossa democracia interna, o debate político democrático, a transparência e o respeito às nossas instâncias de participação a partir da base.
Permanecer no PT é aceitar com prontidão e coragem o desafio de sua reconstrução. É reconhecer que aprendemos mais e amadurecemos mais com os erros e com as tribulações de nossa trajetória histórica. E que é preciso corrigir e punir os responsáveis diretos pelos desvios programáticos e éticos que mancharam fortemente, nos últimos meses, a imagem de nosso partido, assim como aumentar a participação das bases nas decisões maiores de suas direções.
O PT ampliou a voz e a força dos oprimidos e marginalizados do nosso povo, assim como fortaleceu a presença dos movimentos sociais e organizações populares na construção de nossa história recente. A crise que passamos nos faz ver, com maior transparência ainda, a natureza dos nossos compromissos com a ética, com a democracia, com a participação popular e com políticas públicas que acentuam a cooperação e a solidariedade entre pessoas e entre instituições na promoção e construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
Temos, pois, bons e legítimos motivos para ficarmos no PT.
Sim, ficamos no PT!
Brasília, 29 de setembro de 2005.
Fonte: Agência Informes (www.informes.org.br)