Toninho da Barcelona e Carlos Rodrigues são os próximos depoentes

O doleiro Antonio Oliveira Claramunt - o Toninho da Barcelona - depõe na terça-feira (20), a partir das 11 horas (horário de Brasília), na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos. Na quarta-feira (21), no mesmo horário, será a vez do ex-deputado Carlos Rodrigues - ele renunciou ao mandato de deputado federal na segunda-feira (12) - e de Jorge Luiz Dias, servidor da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Na última reunião da semana, na quinta-feira (22), a CPI ouve o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
Toninho da Barcelona está preso no interior do estado de São Paulo por evasão de divisas, entre outros crimes. O ex-deputado pelo PL do Rio de Janeiro Carlos Rodrigues foi acusado pela deputada estadual Cidinha Campos (PDT-RJ), em depoimento à CPI, de ser o chefe de todo o esquema de corrupção ligado a jogos de bingo no estado.
Carlos Rodrigues, ex-bispo Rodrigues da Igreja Universal do Reino de Deus, também foi acusado pela deputada de ser o criador de uma versão do mensalão na Assembléia Legislativa do Rio. Ela garantiu que todos os parlamentares eram obrigados a dar uma mesada ao então bispo. Segundo a deputada, os que não colaboravam sofriam represálias políticas "ou eram mortos, a exemplo do deputado Valdeci Paiva de Jesus, assassinado a mando do bispo Rodrigues".
Foi Cidinha Campos quem alertou também a CPI sobre o fato de Jorge Luiz Dias, funcionário da Assembléia Legislativa do Rio, ter cópias dos cheques que comprovam o envolvimento do ex-bispo Rodrigues e de Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil da Presidência da República, em esquema de recebimento de propina da Loterj e de casas de bingo. A movimentação de dinheiro chegou, em 2002, a cerca de R$ 1 milhão por mês.
O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh vai depor na CPI sobre as circunstâncias da morte do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002. Na época, Greenhalgh foi indicado pelo PT para, como advogado, acompanhar as investigações.
Sigilos quebrados
A CPI dos Bingos, presidida pelo senador Efraim Morais (PFL-PB), já quebrou sigilos bancário, fiscal e telefônico de mais de 60 pessoas ou empresas supostamente envolvidas em esquemas de corrupção. Na reunião da quinta-feira (15), foi aprovado requerimento do senador Geraldo Mesquita Júnior (PSOL-AC), solicitando a quebra dos três sigilos de Juscelino Dourado, ex-chefe de gabinete do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Em depoimento à CPI, Dourado disse desconhecer que a empresa Leão&Leão pagava propina mensal de R$ 50 mil à prefeitura de Ribeirão Preto (SP) no período em que Palocci era prefeito do município (2001 a 2002). Na época, Dourado trabalhava na prefeitura.
Também na quinta-feira, a CPI aprovou requerimento do senador Romeu Tuma (PFL-SP), solicitando cópias dos contratos firmados entre as prefeituras de São Paulo, Ribeirão Preto, Piracicaba e Santo André com as seguintes empresas ENOB Ambiental; SPL Construtora e Pavimentadora; Veja Engenharia Ambiental; SP Limpeza Urbana; Rotedali; Qualix, LOT Operações Técnicas; Logística Ambiental de São Paulo; Heleno e Fonseca Construtécnica; e Cliba. O requerimento de Tuma também pede a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de todas essas empresas.
As informações são da Agência Senado.

Comentário do blog: Conheço a atuação no rádio da deputada estadual Cidinha Campos, do Rio. Quando era estudante no Rio e comecei a estagiar no Sistema Globo de Rádio, ela era a vice-campeã de audiência nas manhãs, na rádio Tupi. Haroldo de Andrade liderava na Globo.
Cidinha sempre foi muito combativa, o que lhe rendeu e ainda rende muitas inimizades.
Assisti ao seu depoimento na CPI dos Bingos. Ela falou, como sempre, com muita firmeza. Repetiu o que já havia denunciado há anos.
Eu estava no Rio quando o deputado Valdeci Paiva de Jesus foi assassinado. Na verdade, uma execução sumária. Ele foi eliminado. A ação não ficou devendo nada às cenas que assistimos nos filmes sobre "gangsters". O deputado estava próximo às instalações da TV Record, no subúrbio do Rio, quando foi atingido por tiros.
Ouvindo, agora, as denúncias da deputada e radialista Cidinha Campos, contra o então bispo Rodrigues, fico pasmo. Depois da execucação do deputado Valcedi, o então deputado federal "Bispo Rodrigues" - foi expulso posteriormente da Igreja Universal do Reino de Deus - era uma das mais eloqüentes vozes que exigiam a apuração rigorosa do caso, com a prisão dos responsáveis pelo crime que chocou o Rio e o Brasil.
Cidinha denuncia que, na realidade, o deputado Valdeci não queria mais pagar o mensalão ao bispo Rodrigues e, por isso, foi eliminado.
Incrível. Chocante.
O blog acompanha, lembrando sempre que ninguém é culpado até sentença condenatória transitado em julgado.
Mas, nesse angu deve ter caroço, sim. E caroço grande, leitor (a). É muito dinheiro envolvido.
O doleiro Toninho da Barcelona também deverá prestar um depoimento bombástico, caso mantenha as denúncias e revelações feitas anteriormente.
Ele era um dos grandes operadores dos dólares usados nos esquemas de financiamentos ilegais de campanhas políticas. Sem contar, como ele próprio já disse, as outras operações "não republicanas" - para usar um termo que se tornou popular depois de utilizado pelo ex-deputado Roberto Jefferson - que ele fazia para algumas "cabeças coroadas".
Este fim de semana deverá ser de muita preocupação para muita gente que aguarda com apreensão a chegada da terça-feira (20).
Como diria o Nelsão, do Salão Imperial, em Corumbá, perguntado sobre o que poderá acontecer se o Toninho da Barcelona resolver contar tudo mesmo:
-- Mamaaaaãe do céu!!