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Jornalista (MTb 15083/93/39/RJ) formado pela PUC-RJ em 1987 e radialista (MTb 091/MS)- Produtor de programas de rádio e repórter desde 1975; cursou engenharia eletrônica na UGF (Universidade Gama Filho, RJ) em 1978; formado pelo CPOR-RJ (Centro de Preparação de Oficias da Reserva), 1979, é oficial R/2 da reserva da arma de Engenharia do Exército; fundador e monitor da rádio PUC-RJ, 1983; repórter e editor do Sistema Globo de Rádio no Rio de Janeiro (1985 a 1987); coordenador de jornalismo do Sistema Globo de Rádio no Nordeste, Recife, PE(1988/1989);repórter da rádio Clube de Corumbá, MS (1975 a 2000); correspondente, em emissoras afiliadas no Pantanal, da rádio Voz da América (Voice Of America), de Washington, DC; repórter da rádio Independente de Aquidauana, MS (www.pantanalnews.com.br/radioindependente), desde 1985; editor do site Pantanal News (www.pantanalnews.com.br) e CPN (Central Pantaneira de Notícias), desde 1998; no blog desde 15 de junho de 2005. E-mails: armando@pantanalnews.com.br ; armandoaanache@yahoo.com

sábado, dezembro 10, 2005

Artigo de Adilson Luiz Gonçalves: O sonho acabou?

O sonho acabou? Este é o título do artigo enviado por Adilson Luiz Gonçalves, colaborador do blog e do site Pantanal News:

O sonho acabou?
Por Adilson Luiz Gonçalves (*)

Nos final dos anos de 1970, o compositor Tavito sonhava, na canção “Rua Ramalhete”: “Será que algum dia eles vêm aqui, cantar as canções que a gente quer ouvir?”.
Falava da esperança que os fãs brasileiros ainda acalentavam, de ver os “Beatles” reunidos, numa turnê pelo Brasil! Para o mundo já seria suficiente a volta da banda, desfeita em 1971 por desavenças internas.
Eu tinha onze anos quando Lennon proclamou: “O sonho acabou!”; mesmo assim, foi um choque, pois eu havia crescido ao som de seus sucessos, e assistido: “Os Reis do Iê-Iê-Iê”, “Help” e o psicodélico e experimental “Submarino Amarelo”. Sem saber, eu era “beatlemaníaco”! Além disso, eu fico extremamente chateado com separações entre pessoas que eu gosto, mesmo que elas nem saibam que eu existo. Só que isso é extremamente comum no mundo artístico! Acho que é por isso que eu admiro tanto os “Rolling Stones”...
Yoko Ono, ao que consta, foi o pivô da separação, o pomo da discórdia! Mas será que a culpa foi só dela?
Bem... É fato que Lennon empurrou-a pela goela abaixo de Paul, George e Ringo. Francamente, não fazia o menor sentido sua presença, imóvel e silenciosa, nos videoclipes do grupo! E mesmo quando dançava, não acrescenta quase nada... E daí? George já havia perturbado a “ordem”, com seu guru indiano. Paul poderia ter sido o primeiro a sair, quando quase morreu, por excesso de drogas! Em suma, as relações já estavam para lá de desgastadas! Para piorar, o rock progressivo ganhava força, com seus grandes solistas e performances cênicas: “The Who”, “Led Zeppelin”, “Focus”, “Pink Floyd”, “Yes”, “Genesis”, “Black Sabbath”... Isso colocou os Beatles em cheque, apesar do experimentalismo e ousadia dos últimos discos. Para piorar, Lennon estava tão fascinado com Yoko, que “Get Back” não lhe dizia nada... Seria amor ou fuga? Não sei, mas Lennon encontrou inspiração para escrever “Imagine” e “Woman” com ela ao seu lado; mas também gritou “Mother!”...
Eles também se separaram, em 1973... Pareceu que John ficou oco, sem Yoko... Coube a Elton John, que cantou “One Day at Time”, se fazer de cupido para reuní-los, em 1975. Juntos, fizeram protestos na cama e levantaram bandeiras político-humanitárias. Nesse âmbito, Lennon e Yoko souberam usar a mídia como poucos! Enquanto isso, os encontros musicais e cooperações entre ex-“Beatles” ocorreram, esporádicos, mas nunca com Paul e John. A dupla que compôs algumas das maiores obras-primas do rock parecia irreconciliável! E a vida prosseguiu, com a gente torcendo para que o tempo curasse as feridas. Diz o ditado: “Enquanto há vida, há esperança!”... Só que, num frio dezembro, um indivíduo tirou a vida de John... Uma vítima da idolatria tirava a vida de um ídolo! Se de um lado é verdade que a fama pode subir à cabeça, o fanatismo pode deixá-la completamente vazia! E foi ali que, realmente, o sonho acabou!
Tempos depois, tentaram fazer o mesmo com George, que escapou por pouco!
Ironicamente, vários anos depois, a tecnologia permitiu a reunião dos Beatles, para gravar “Free as a Bird”, de Lennon, com a voz dele “mixada” ao instrumental e “backing vocals” de Paul, George e Ringo. Para aumentar a nostalgia, o videoclipe mostrava cenas de Liverpool - onde tudo começou.
A morte costuma transformar ídolos em lendas, sobretudo nos meios artísticos. Temos os exemplos de Hendrix, Morrison, Vicious e, mais recentemente, Cobain. Mas eles jogaram suas vidas fora! Lennon, no entanto, teve a sua “roubada”, o que torna sua perda mais lamentada.
Aquele sonho acabou! Mas ninguém que tivesse mais o que fazer morreu por causa disso!
Continuo ouvindo os “Beatles”, Paul, Lennon e George, mas acredito que gostar da obra de um artista não implica em considerá-lo perfeito, insofismável ou imitar seu modo de vida. É curioso, mas a admiração que sinto por um artista está na sua capacidade de extrair “perfeição” de sua imperfeição!
O ideal seria aprender a admirar a obra, sem venerar o artista; mas, infelizmente, algumas pessoas dão tão pouco valor a si próprias, que se entregam a uma devoção autodestrutiva que, às vezes, também destrói os que cultuam...
Lennon faz muita falta, e George também!
Talvez John ainda estivesse vivo se, em vez de sonharmos os sonhos dos outros, aprendêssemos a sonhar os nossos...

(*) Adilson Luiz Gonçalves
Escritor, Engenheiro, Professor Universitário, Articulista e Cronista
Autor do livro: "Sobre Almas e Pilhas", Editora: Espaço do Autor
Para concorrer ao sorteio de dois exemplares do livro, em 15/12/05, basta deixar seu e-mail no "Livro de Visitas" do portal: http://www.algbr.hpg.com.br
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