Sete deputados petistas comentam o voto "não" à cassação de Dirceu
Sete deputados federais petistas que votaram contra a cassação de José Dirceu na Camara, ontem, apresentaram por escrito uma declaração de voto, em que afirmam ser política a decisão pela sua cassação.
"Há um julgamento político contaminado por uma crise que tem no seu âmago a disputa eleitoral e o embate de forças poderosas contra o projeto de sociedade que integra o ideário petista", afirmam os deputados no documento.
Eles ressalvam, no entanto, que isso não significa "atenuar as críticas e a exigência de apuração rigorosa de fatos relacionados à vida partidária, portanto de natureza interna ao PT, à sua Comissão de Ética". Leia o documento:
DECLARAÇÃO DE VOTO
1. O processo de cassação do deputado José Dirceu, nosso companheiro de partido, dá-se num momento de grande investida das forças de direita contra as possibilidades abertas com a eleição do presidente Lula.
2. A crise que se arrasta há seis meses, alimentada diariamente pela imprensa brasileira, é sobretudo uma crise eleitoral. Mas há nela também os erros do PT, já assumidos publicamente. Estes erros deram à direita brasileira a justificativa para desencadear uma brutal campanha para tentar destruir o PT, destruir a esquerda.
3. E estes erros, por sua vez, derivam de problemas do partido, a época, conduzida por uma maioria centralizadora, cujo principal líder foi o companheiro José Dirceu, que desprezou a cultura partidária fundada na ética, na transparência, na luta social.
4. A crise política também é alimentada por erros cometidos pelo governo federal, como por exemplo as opções na política de alianças, onde prevaleceu a lógica de uma base de sustentação do governo apenas calcada na maioria parlamentar, desprezando a mobilização social.
5. Essa lógica também orientou as alianças para as disputas eleitorais de 2004. Muito companheiros do PT foram obrigados a engolir acordos inaceitáveis, porque prevalecia a relação construída pelo companheiro José Dirceu na Casa Civil em detrimento das experiências democráticas que experimentamos ao longo dos nosso 25 anos.
6. Contudo, não são os erros do deputado José Dirceu na condução do PT ou na condução da articulação política do governo que estão sendo julgadas neste momento. Estes erros estão em debate no partido, que busca a partir da sua força social e militante reerguer-se, reencontrando-se com aquilo que lhe deu causa; ser um partido da transformação social.
7. Apontamos isso para reafirmar que não abriremos mão de fazer a discussão, dentro do partido, dos prejuízos que essa crise causou e continua causando ao PT e isso inclui a devida apuração das responsabilidades políticas do deputado José Dirceu;
8. Muito são os argumento para votar pela cassação do deputado, se fossem estes erros que estivessem em julgamento, no entanto, o que está em debate no parlamento é a cassação de um deputado petista, o que está em julgamento é o PT como partido político da transformação social.
9. Há, pois, um julgamento político contaminado por uma crise que tem no seu âmago a disputa eleitoral e o embate de forças poderosas contra o projeto de sociedade que integra o ideário petista. Nesse sentido, é inaceitável a cassação, razão pela qual manifestamos nosso voto contrário.
10. No entanto, nosso voto contrário a uma cassação sem clara comprovação de cometimento de ilícitos não significa atenuar as críticas e a exigência de apuração rigorosa de fatos relacionados à vida partidária, portanto de natureza interna ao PT, à sua Comissão de Ética.
Deputados federais: Terezinha Fernandes, Luciano Zica, Adão Pretto, Luci Choinaki, Iriny Lopes, César Medeiros e Cláudio Vignatti.
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