Marcos Pontes diz que viagem ao espaço abriu um campo novo para a ciência no Brasil
Brasília – O campo da microgravidade foi aberto para a ciência brasileira. Essa é a avaliação do astronauta brasileiro, Marcos César Pontes com base nas experiências realizadas na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). Pontes permaneceu oito dias à bordo da ISS, e uma de sua tarefas foi executar experiências num ambiente de microgravidade, ou de gravidade muito baixa -- dez mil vezes mais baixa do que na superfície da Terra. "Demonstramos com essa missão que é possível, esse campo de microgravidade, que é novo para o Brasil", disse o astronauta. Segundo ele, realizar as experiências no espaço foi um resultado importante da missão.
Durante uma homenagem no Palácio do Planalto, na qual foi condecorado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o astronauta mencionou uma experiência sobre germinação de sementes. Disse que "Plantamos sementes lá, mas não plantamos sementes só no espaço. Plantamos, principalmente, sementes aqui".
O ministro da Defesa, Waldir Pires, presente ao evento, elogiou o pioneirismo de Pontes. "Sua obstinação, coragem, perseverança, tudo isso construiu essa possibilidade de que você se transformasse em um símbolo da confiança do nosso povo na construção do desenvolvimento da ciência e tecnologia". Além da germinação de sementes, Pontes também fez experiências que procuram verificar, por exemplo, se a falta de gravidade modifica as reações químicas -- no caso, o teste foi feito com enzimas, substâncias químicas importantes para o organismo e para a indústria. Outra experiência foi a do spray de proteínas, para saber se, no espaço, elas se misturam de maneira mais eficiente. Pontes também testou genes importantes das bactérias -- os genes que "consertam" o DNA quando ele é danificado por radiação. Isso pode ajudar a medicina a proteger astronautas, que, no espaço, sempre sofrem bombardeio forte de radiação.
Por fim, cabe mencionar os minitubos de calor, uma tecnologia muito cobiçada, atualmente, porque pode resolver o problema do aquecimento excessivo de aparelhos e instrumentos nos satélites. Os satélites estão ficando cada vez menores, e isso provoca concentração de calor, por exemplo nos circuitos eletrônicos. Não há solução simples para isso, e um grande número de cientistas procura achar uma saída, atualmente. Os brasileiros, com a viagem de Pontes, "tiveram a chance de avançar numa área de ponta da pesquisa tecnológica", de acordo com o coordenador da Missão Centenário, Raimundo Mussi.
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