Jornal do Brasil: Apesar da crise, Lula planeja reeleição
Leia abaixo:
Presidente espera por mais dois meses de turbulência política e prevê dificuldades para campanhas de candidatos do PT
Hugo Marques e Sérgio Pardellas
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não acredita na queda vertiginosa de sua popularidade a ponto de comprometer o projeto de reeleição, segundo revelou a auxiliares. A avaliação feita no Planalto é de que a crise terá no máximo mais dois meses de duração, com bombardeios centrados no PT.
Lula está convencido: a crise não chegará até ele. E ancorado nesse raciocínio, tem descartado, em conversas reservadas com assessores e amigos, qualquer hipótese de renúncia ou um eventual pedido de impeachment.
- O presidente Lula acha que pode se reeleger - contou ontem um importante auxiliar do presidente.
Pela primeira vez, depois da eclosão da crise do mensalão, Lula deixou vazar que está avaliando o seu potencial para as eleições do próximo ano. A assessores, Lula também falou a respeito do suposto empréstimo de R$ 29.436,26 concedido a ele pelo PT. Alega que o partido sempre pagou suas despesas com viagens. O dinheiro teria sido contabilizado, equivocadamente, como empréstimo.
- Fiz gastos na época que representava o PT. Lançaram de maneira errada como empréstimo. Nunca contraí empréstimo. Houve um erro do contador e é ele que deve se explicar. Não tenho medo de que haja algo que me atinja - afirmou Lula, como confidenciou ministro do núcleo político do governo.
Até então, a assessoria do Planalto se limitava a dizer que a Presidência da República não tinha conhecimento dessas informações e recomendava procurá-las no Partido dos Trabalhadores''.
Sobre as supostas ameaças do dono de agências de publicidade Marcos Valério, dirigidas diretamente a ele, o presidente recomendou tranquilidade. Disse ''não acreditar'' na história de que Valério teria custeado despesas de sua mulher, Marisa. Em sua avaliação, a munição acabou.
- Os documentos (de Valério) já estão no Supremo - observou.
Em conversas ontem no Palácio do Planalto, o presidente Lula afirmou a auxiliares que sua relação com o deputado e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, não anda estremecida, ao contrário do que os jornais publicaram na última semana. Ele e Dirceu, assegurou, refizeram as pontes e têm conversado com certa regularidade. Lula classificou de ''infundadas'' as especulações de que o Planalto e o PT pensam em sacrificar o ex-ministro, expulsando-o do partido para blindar o mandato e a candidatura à reeleição.
- Nenhum deputado vai ser expulso do PT antes que apareça alguma prova contundente ou até que seja indiciado. Não existe isso de expulsão - afirmou um auxiliar que esteve com Lula ontem.
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