Luiz Leitão: Os tempos realmente mudaram
Os tempos realmente mudaram
Por Luiz Leitão (*)
Apesar das críticas, muitas delas merecidas, especialmente aquelas referentes ao exibicionismo, há que tirar o chapéu para a Polícia Federal. Está sendo ela a responsável pela destruição de uma antiga verdade – embora ainda haja exemplos Brasil afora que contestem esta afirmativa. Verdade parcial ou não, fato é que jamais alguém pôde imaginar que o ex-prefeito de São Paulo pudesse ser preso, ainda que por pouco tempo, por motivo claramente justo, a tentativa, comprovada por escuta telefônica autorizada, de obstruir as investigações.
O advogado de Paulo Maluf, sr. Roberto Batocchio (perdão, mas este articulista não tem por hábito tratar advogados por doutor; senhor é forma de tratamento respeitosa e perfeitamente adequada), proferiu discurso no dia 11, coincidentemente o número atribuído a Paulo Maluf em suas candidaturas.
Falar em tirania, como fez, invocar a memória de Hitler, são atos teatrais de quinta, além de afronta à sociedade, exatamente como fez o futuro ex-deputado José Dirceu de Oliveira e Silva, certa feita, ao questionar a ação do Ministério Público, chamando-o de “pequenas Jestapos”, assim mesmo, com erro crasso de pronúncia, o correto é Gestapo, com som de Guê.
Aliás, o outrora todo-poderoso ex-ministro-chefe da casa Civil José Dirceu de Lula da Silva já será ouvido na condição de investigado pela PF. Alvíssaras!
Mas, assim como na política, a advocacia, não raro, recorre à teatralidade, é do ofício, pode-se dizer.
Ao comentar a decisão judicial, dizendo que ela não tem fundamento jurídico, o patrono do ex-prefeito comente o primeiro pecado contra os mandamentos da profissão: decisão judicial não se discute, cumpre-se. Contestá-la em instância superior são outros quinhentos, direito líquido e certo.
Mas não espere o douto senhor advogado do ex-alcaide paulistano, com suas encenações, a solidariedade da população. Ninguém contra quem correm centenas de processos em variadas instâncias há de ser contemplado com o benefício da dúvida, ou como se diz em juridiquês, “in dubio pro reu” (na dúvida, beneficie-se o réu).
Como disse um amigo advogado deste que vos escreve, também o ex-burgomestre paulistano teria o direito à delação premiada, e, se por ela optasse, quiçá viria o mundo abaixo.
Não me penitencio das críticas anteriormente feitas a certas ações escandalosas da Polícia Federal, mas se houve uma nomeação apropriada neste governo de Lula da Silva, foi a do diretor da instituição, delegado Paulo Lacerda.
Maluf foi investigado pacientemente por três anos pelo Delegado da PF Protógenes Queiroz, então não se pode dizer que houve açodamento, e a prisão por ele e pelo Ministério Público requerida à Justiça Federal de São Paulo foi prontamente acolhida pela Juíza da segunda vara criminal, por ter ficado demonstrada a ação do acusado e de seu filho para obstruir as investigações.
Digam o que disserem de Lula, no mais das vezes com plena razão, ele teve o mérito de acabar com o mito de que rico não vai preso. Mas rico mesmo,não estamos falando de amadores como o juiz Lalau, que nunca foi rico antes de sua ignominiosa ação contra os cofres públicos.
Resta fazer com que a legislação seja alterada, pois pelo que consta, parcela ínfima do que é desviada dos cofres públicos é recuperada. Já que os EUA são os maiores interessados no controle financeiro, para inibir o tráfico de drogas e dificultar a vida dos terroristas, que tal um boicote aos paraísos fiscais?
Finalizando, no tocante à Polícia Federal, ela já tem o reconhecimento da população, e terá mais ainda se passar a respeitar o direito à dignidade do preso, que nem sempre é culpado, preservando sua imagem e seu nome, mais não seja, em nome daqueles que sofrem por tabela, sem ter culpa: seus familiares.
(*) Luiz Leitão
Administrador e articulista
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