Quero ajudar Puccinelli a ser governador, diz Fauzi Suleiman
O blog entrevista o empresário Fauzi Suleiman, que deixa o Partido dos Trabalhadores, em Aquidauana, para ingressar no PMDB na segunda-feira (26), conforme já informado em postagem que fiz nesta manhã e que teve repercussão em todo o estado de Mato Grosso do Sul.
Suleiman disputou, pelo PT, a prefeitura de Aquidauana, cidade situada a 135 quilômetros a oeste de Campo Grande, em 2000 e 2004.
Nas duas eleições, o vencedor foi Luiz Felipe Ribeiro Orro, que no domingo (18) deixou o PTB (anteriormente foi filiado ao PSDB) e assinou a ficha de filiação no PDT, mesmo partido do seu pai, o deputado estadual Roberto Orro (ex-PSDB, PMDB e MDB).
Leia abaixo a entrevista com o empresário Fauzi Suleiman, que poderá ser candidato a deputado estadual em 2006:
Blog do Armando Anache (Armandinho) - Por que o senhor deixa o PT?
Fauzi Suleiman - O PT se consolidou e conquistou apoio na sociedade brasileira defendendo duas bandeiras: a mudança social e a ética na política. Infelizmente ao conquistar o poder essas duas bandeiras foram jogadas fora. Deixo o partido porque estou envergonhado com a falta de coerência, com a falta de vergonha desses falsos líderes que ofenderam a consciência e a alma dos militantes e que, ao agir assim, traíram o sonho e a esperança do povo brasileiro. Mudo de partido porque o partido em que eu acreditava não existe mais. Ainda é um partido formado em sua esmagadora maioria por gente honesta e decente, mas comandada por uma cúpula arrogante, inescrupulosa e maquiavélica.
Blog - Como é voltar ao PMDB, partido ao qual já foi filiado?
Fauzi - Retorno ao PMDB por duas razões: primeiro porque preciso de um partido para abrigar o projeto que nosso grupo vem construindo para Aquidauana. Esse grupo disputou duas eleições e conquistou em ambas ocasiões dez mil votos. Não tenho o direito de abandonar esse projeto à morte e permanecer no PT significaria a morte dessa possibilidade de construirmos um governo democrático, participativo, baseado na racionalidade administrativa e que rompa esse pacto de miséria que impede nossa cidade de avançar. A outra razão é que quero ajudar Puccinelli a ser governador. É sua hora: ele está preparado, é um excelente administrador e encarna todas as características necessárias para Mato Grosso do Sul viver um novo momento. Tem capacidade, é objetivo, tem uma grande energia para o trabalho. Espero dele pelo menos três ações importantes: um novo enfoque na relação com a Assembléia Legislativa; uma gestão do Estado menos marcada pela politicagem e um novo impulso para o desenvolvimento do MS.
Blog - Como será no ano que vem, subir no mesmo palanque dos chamados "coronéis" da região, que certamente apoiarão André Puccinelli ao governo MS?
Fauzi - Não sei quem mais estará no palanque do Puccinelli ano que vem. O que sei é que na campanha passada foi feito um acordo entre o governador Zeca do PT e o atual prefeito: Zeca não viria em nosso palanque em troca de algo, que possivelmente, imagino seja o apoio do prefeito ao projeto do governador para 2006. Se Zeca entregou nossa cabeça e nosso projeto por menos que isso só posso dizer que além de mal-intencionado, lhe falta inteligência.
Blog - Na sua análise, o eleitorado cativo do PT, que sempre votou no senhor, votará novamente para deputado estadual, mesmo estando no PMDB?
Fauzi - Gostaria de afirmar que não estou pleiteando ser candidato a deputado. Só serei numa circunstância: em que Puccinelli coloque essa candidatura como fundamental para o êxito do seu projeto em nossa região. Quanto ao voto do eleitorado petista creio que continuarei sim a merecê-lo: estou mudando de partido, não de princípios. Os mesmos valores que nortearam minha vida pública até aqui continuarão a norteá-la: a defesa dos excluídos, o combate á demagogia, a ética na política, uma proposta nova de desenvolvimento. E gostaria de registrar que dos companheiros de partido de Aquidauana só guardo boas lembranças: foram leais, foram companheiros, compartilhamos juntos muitos momentos bons e difíceis e para onde quer que vá gostaria de poder contar com sua contribuição e com seu apoio. Se não me quiserem a seu lado terão que dizer isso, pois será uma decisão deles, não minha.
Blog - E os eleitores do PMDB, será que receberão bem a sua candidatura, já que nos últimos tempos o senhor sempre esteve contra? Por exemplo: Zé Henrique, hoje no PMDB, é vice-prefeito de Felipe Orro, virtual candidato a deputado estadual pelo PDT.
Fauzi - Recebi convite de quase todos os partidos, mas escolhi o PMDB. Em minha juventude já fiz parte do grupo de históricos desse partido. A receptividade ao nosso nome está sendo excelente. Com todas as lideranças e filiados que temos conversado temos colhido e deixado boas impressões. Em relação ao clima de disputa que vivemos ela sempre se deu no mais alto nível. Tenho certeza que fui sempre um adversário leal disputando as eleições no campo das idéias e dos projetos, nunca, na baixaria e no ataque pessoal.
Blog - Qual o principal motivo para deixar o PT? Quantos anos ficou no PT? Qual o melhor e qual o pior momento no PT?
Fauzi - Fiquei no PT por sete anos. O principal motivo para deixar o PT é o processo de degeneração imposto a ele por seus líderes no governo e no próprio partido. Tive vários bons momentos no partido: a possibilidade de conhecer pessoas que fazem política como uma missão foi um deles; ter disputado duas eleições também, pois foi um processo que me permitiu um crescimento espiritual muito grande. O pior momento foi ter sido abandonado pelo governador, uma pessoa a quem fui leal e a quem dediquei o que tinha de mais generoso e que pagou a mim e a meus companheiros com a traição mais covarde. Vindo do líder de um partido de direita isso já seria uma indecência, o que dizer dessa atitude num líder de um partido de esquerda?
Blog - Qual é a sua análise resumida da grave crise que assola o país e o PT, ou algumas pessoas do PT?
Fauzi - Uma prática histórica foi revelada. A crise não é apenas do PT. É uma crise do sistema. Ou temos a capacidade de romper esse aparelhamento do estado que o capital financeiro faz ou o Brasil não vai realizar seu destino como nação. Precisamos saber quem alimenta com dinheiro o esquema que precisa de um estado corrupto para continuar a existir. Já sabemos a quem Marcos Valério repassou o dinheiro. Mas quem colocou esse dinheiro nas mãos de Marcos Valério? Na hora em que começarmos a falar sobre isso estaremos a um passo de fazer a mudança de que o Brasil precisa. Chegaremos então à raiz da corrupção: o sistema financeiro que desvia R$ 200 bilhões por ano para se alimentar de juros à custa da desgraça da nação e que precisa de um estado corrupto para continuar a fazer essa sangria.
Blog - O presidente Lula sabia ou não sabia das irregularidades?
Fauzi - A única resposta possível a essa pergunta é a de que caso soubesse, era corrupto, caso não, era incompetente. E em nenhuma das hipóteses ele está à altura do desafio de governar o país. Na verdade, seu principal erro foi saber exatamente como funcionava esse esquema, até porque, o partido viveu 25 anos denunciando-o, e ao chegar ao poder não ter tido a coragem de fazer aquilo que todo mundo esperava que ele fizesse: acabar com isso.
Blog - Vale a pena continuar na política?
Fauzi Suleiman - Feliz ou infelizmente as grandes questões da vida humana passam pela política. Nem a política é coisa do diabo nem ninguém fica melhor por fingir que ela não existe. Ou temos a capacidade de lutar para melhorá-la, mesmo quando isso parece impossível, ou estaremos fadados a repetir dor e sofrimentos desnecessários por gerações e gerações.
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