Empresário diz que Bônus Banval depositou R$ 6,5 milhões na conta da empresa dele por engano
Brasília - O dono da empresa Natimar, o argentino Carlos Alberto Quaglia, disse hoje na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios que a corretora Bônus Banval depositou R$ 6,5 milhões na conta de sua empresa por engano. Segundo ele, o dono da Bônus Banval, Enivaldo Quadrado, lhe disse, em 2004, que não poderia fazer o estorno desse dinheiro uma vez que sua corretora estava sob auditoria.
Quaglia acusou a Bônus Banval de utilizar a conta de sua empresa para lavar dinheiro. "Quadrado estava usando a Natimar para encobrir operações ilegais", afirmou o empresário. Tanto a Natimar quanto a Bônus Banval são investigadas pela CPMI por suspeita de participação no esquema de lavagem de dinheiro operado pelo empresário Marcos Valério de Souza. Carlos Quaglia negou conhecer Valério.
O empresário argentino responde a três processos no Brasil: um por lavagem de dinheiro e utilização de laranjas e dois por falsidade ideológica. No depoimento, ele não conseguiu explicar aos parlamentares, por exemplo, como aumentou o capital de sua empresa de R$ 10 mil para R$ 500 mil. "Recebi de amigos e da família o dinheiro para aumentar o capital social. Foram empréstimos pessoais, toda a minha vida foi assim".
Quaglia também foi questionado sobre a operação em que trouxe ao Brasil US$ 14,6 milhões por meio de uma operação com a empresa de trading paraguaia Discovery. Segundo ele, a operação destinava-se a compra de equipamentos para exportação, principalmente tratores. O empresário disse ter comprado, por cerca de US$ 600 mil, quatro tratores usados que teriam sido exportados para o Uruguai e Holanda.
Como as outras operações não se concretizaram e o empresário teria recebido todo o dinheiro antecipadamente, ele montou uma operação em que transformou a antecipação dos recursos em empréstimo. Assim, teria uma justificativa legal a apresentar ao Banco Central sobre a utilização dos recursos. O que intrigou os parlamentares, como o subrelator de operações financeiras, deputado Gustavo Fruet (PDSB-PR), foi como o empresário argentino radicado em Santa Catarina conseguiu convencer a empresa Discovery a lhe antecipar US$ 14 milhões se o seu patrimônio somava cerca de R$ 500 mil.
Carlos Quaglia disse, ainda, que o analista de mercado Najun Turner deu "carta branca" para operar com a compra e venda de ativos no mercado pela empresa Natimar. Turner disse à CPMI que, em 1995, passou a prestar consultoria ao empresário argentino a quem conhecia a algum tempo. A operação de "internalização" dos US$ 14,6 milhões, que de antecipação para exportações virou empréstimo, segundo Quaglia, foi orientada pelo próprio Turner.
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