PMDB apóia Lula se houver agenda de crescimento, diz senador Valter Pereira
Senador Valter Pereira (PMDB-MS) discursa na Tribuna, na sessão de posse na terça-feira (21)
Leia abaixo a entrevista que fiz nesta manhã, ao vivo, como o novo senador de Mato Grosso do Sul, Valter Pereira (PMDB), que assumiu na terça-feira (21) a vaga de Ramez Tebet:
Armando Anache - Bom dia, senador Valter Pereira. É uma prazer tê-lo ao vivo, aqui na rádio Independente e falando para toda a nossa região sudoeste de Mato Grosso do Sul e Pantanal Sul.
Senador Valter Pereira - Bom dia, Armando. É com muita satisfação que falo no seu programa, nesta agradável manhã de sexta-feira.
Armando - Como é, para o senhor - que começou a sua carreira política em 1973, como vereador em Campo Grande, foi deputado estadual e federal, presidente da Enersul e secretário-geral do PMDB de Mato Grosso do Sul - essa nova experiência no Senado Federal?
Senador Valter - Bom, os primeiros momentos da nossa ida para o Senado Federal, a nossa chegada aqui em Brasília, foi exatamente de expectativa e de sondagem. Em primeiro lugar, é preciso que se tenha na cabeça, com muita clareza, que a substituição do senador Ramez Tebet é um desafio muito grande. Desafio porque nenhum político deste estado conseguiu alcançar a projeção que o senador Ramez Tebet logrou conseguir. Ele, de fato, tornou-se uma figura notável, porque enfrentou grandes desafios em horas difíceis; e conseguiu suplantar tudo através de um entendimento muito grande, de um bom senso extraordinário, com aquele espírito de concórdia que assinalou a sua trajetória política.
Esse perfil é o perfil que eu pretendo buscar aqui no Congresso Nacional e, com isso, talvez, eu consiga conquistar uma posição próxima daquela que o Ramez conseguiu.
Armando - Na sua posse no Senado - transmitida ao vivo pela rádio Independente, em cadeia com a rádio Senado - o seu colega senador Heráclito Fortes (PFL-PI) interrompeu a apresentação que era feita pelo presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), para perguntar ao senhor se, como fizera Ramez Tebet, assinaria também o pedido para instalação da CPI das ONGs (Organizações Não-Governamentais). O senhor foi pego de surpresa?
Senador Valter - É, na verdade eu não não tinha tomado posse. Quando eu me dirigi ao presidente da Mesa [senador Renan Calheiros], ele [senador Heráclito Fortes] já interviu no meu pronunciamento, insistindo que eu assinasse o pedido de CPI. Obviamente, eu aprendi ao longo da minha vida, que a gente não deve assinar nada sem, primeiro, fazer a leitura do texto que estará na sua frente, para ser assinado; e como eu não tinha lido o texto, como eu não conhecia a matéria, me recusei. Me recusei e recusarei sempre. Onde tiver a minha assinatura, terá a minha responsabilidade. Portanto, eu só vou assumir responsabilidade daquilo que eu, efetivamente, concordar. Não vou ser uma "vaquinha de presépio", como nunca fui durante todo o decorrer da minha vida pública.
Armando - Senador, o "Jornal do Senado" informa que a Comissão Mista de Orçamento aprovou ontem (23), dez projetos que autorizam créditos adicionais de R$1,68 bilhão aos orçamentos de diversas áreas do Executivo. Como o senhor, recém-chegado ao Senado federal, analisa essa questão, lembrando que nesta semana muitos prefeitos de Mato Grosso do Sul estiveram em Brasília, em busca de emendas do Orçamento? Outra questão: Qual é a sua opinião sobre a aproximação do PMDB com o presidente Lula, já que ontem (23) o futuro governador André Puccinelli (PMDB) participou de uma reunião com ele [Lula] em Brasília?
Senador Valter - Bom, com relação ao orçamento, na terça-feira próxima [28 de novembro] expira-se o prazo para a apresentação de emendas. Houve uma decisão, por parte dos representantes de Mato Grosso do Sul no Congresso Nacional, da bancada federal, como é chamada no estado, no sentido de atribuir as emendas coletivas à administração do governador André Puccinelli. E, nesse particular, é de se ressaltar a posição tomada por aqueles que aqui se degladiaram, ontem , no processo eleitoral, com o governador André Puccinelli. É de se ressaltar, por quê? Porque todos eles, comprendendo a importância que tinha a matéria, concordaram em dar ao governador Puccinelli esse voto de confiança, que vai permitir uma "alavancagem" de recursos já no seu primeiro ano de administração e, o mais importante é que deu-se ao André esse voto de confiança, na certeza de que isso vai racionalizar a aplicação desses recursos - não só a aplicação como também a captação deles -, já que nem todas as prefeituras municipais têm condições documentais ou materiais para elaborar projetos e para viabilizá-los nos ministérios. Portanto, essa posição foi madura.
Quanto a aproximação do PMDB com o governo do presidente Lula, é de se observar que o partido está agindo de uma forma diferente, como também o governo do presidente Lula mudou a sua forma de se relacionar com o Congresso. Anteriormente, na sua primeira administração, ele buscou o apoio dos parlamentares de outras agremiações, através de procedimentos fisiológicos, negociando diretamente com alguns agrupamentos. Desta feita, o presidente Lula inicia uma negociação com a feição institucional. Isso significa o quê? Ao invés de se negociar com "A" ou "B", ele está negociando com o partido; e a base da negociação, ao invés de ser a base fisiológica, é a base de um programa, um programa que restabeleça imediatamente o crescimento econômico, que foi interrompido já há muitos anos, mesmo antes da era Lula, e que até hoje provoca danos irreparáveis, como o desemprego, o sub-emprego, a falta de recursos para investimentos, e outros.
Então, a pauta que foi levada pelo PMDB foi uma pauta de retomada do crescimento econômico. Se o presidente Lula, efetivamente, mudar o perfil da sua administração e passar a fazer investimentos, a reduzir as taxas de juros e a retomar as obras de infra-estrutura, tão necessárias; além de refazer o pacto federativo - que é muito importante para atender aos estados e municípios -, o PMDB, em torno dessa agenda do crescimento, estará presente.
Armando - Senador, quais são as suas principais metas em Brasília, onde passa a representar o Estado de Mato Grosso do Sul?
Senador Valter - Bom, além de procurar atender as demandas municipais, com recursos e tudo o que for necessário, pois isso aí é importante para um Estado que vive momentos de crise; para as prefeituras, que estão atravessando grandes dificuldades financeiras, pretendo dar ao meu mandato uma ênfase às questões que, de certa forma, precisam um engajamento maior. A questão ambiental, por exemplo; a questão da reforma agrária, pois o Brasil não tem um projeto de reforma agrária, o que existe são assentamentos mal estruturados, mal concebidos ... [Pausa] Na verdade, o que existe hoje é uma modalidade de assentamento que cria verdadeiras favelas no interior do estado. Então, esses temas, como meio ambiente, como reforma agrária, como o agronegócio; o agronegócio [falando pausadamente e com muita ênfase] é o esteio da nossa economia e precisa sair da crise que o tem infernizado durante esses últimos anos. Então, tudo isso vai fazer parte da nossa forma de atuação, da nossa forma de trabalho.
Armando - Senador Valter Pereira, foi um prazer tê-lo conosco, nesta manhã e ao vivo, aqui no programa Armando Anache, na rádio Independente. Um grande abraço ao senhor.
Senador Valter Pereira - Muito obrigado, Armandinho.
1 Comments:
Armandinho,
esta história de emenda está mal contada. Vou ver se tenho tempo e explico hoje a noite no Blog.
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