Oposição vê Lula 'acuado' após o discurso
Os líderes de oposição receberam com críticas o forte discurso do presidente Luiz Inácio Lula na quinta-feira. Falando em uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Lula lembrou os exemplos de outros presidentes e disse que não vai renunciar, não vai cometer suicídio e não será deposto. Segundo tucanos e pefelistas, o presidente não mostrou tranqüilidade na fala.
"Crise nesse país já levou o Getúlio a se matar, Juscelino a ser mais achincalhado do que qualquer outro, Jânio desistiu por causa do inimigo tão oculto que ele nem apontou para a gente, e o Jango foi obrigado a renunciar", disse Lula. "Eu não farei como Getúlio, Jânio ou João Goulart. O meu comportamento será o mesmo de JK: paciência, paciência, paciência", completou ele.
"Esse foi o discurso de um cidadão acuado, cujo perfil não é nada parecido com o de um Juscelino Kubitschek", disse o senador Heráclito Fortes (PFL-PI), segundo o jornal O Estado de S. Paulo. "As prioridades de JK eram o Parlamento e o desenvolvimento - enquanto Lula não tem apreço pelo Congresso Nacional nem a política de desenvolvimento para o país", completou o pefelista.
Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), Lula exagerou na fala. "A oposição não quer que ele se mate nem que ele renuncie. E também não tem ninguém querendo depô-lo", justificou o tucano. De acordo com ele, seria melhor se Lula usasse seu discurso para explicar sua posição e falar diretamente sobre essa crise, afugentando "os fantasmas que lhe fazem tanto mal".
Alívio - Na avaliação do líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), Lula fez um desabafo compreensível na quinta. "Cem dias de crise desestabilizam qualquer um. Ele fez um desabafo até muito equilibrado para quem está sob tamanha pressão", disse. Na opinião de Suassuna, foi positivo que Lula avisasse que não deixará o cargo. "É um alívio para o partido dele e os aliados."
Em entrevista ao jornal O Globo, o historiador Marco Antonio Villa, da Universidade Federal de São Carlos, avaliou que Lula foi infeliz ao fazer comparações com JK e Getúlio. "Lula não tem a grandiosidade dos dois. Quando se fala em JK, lembramos de Brasília. Getúlio nos lembra o trabalhismo. Daqui a 20 anos, quando alguém falar de Lula, vai se lembrar de Marcos Valério."
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