Artigo: A união faz a força
Recentemente, o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), esteve em Corumbá.
Lançou obras e eventos na Cidade Branca. Ao seu lado, estavam o prefeito Ruiter Cunha de Oliveira, o deputado estadual Paulo Duarte e o senador Delcídio do Amaral, todos do PT (Partido dos Trabalhadores) e exercendo os seus primeiros mandatos.
Guardadas as diferenças políticas e ideológicas existentes nos estatutos dos dois partidos, PMDB e PT, é muito bom testemunhar essa união que, para a Cidade Branca, só faz bem.
O povo, sempre sábio, já consagrou o ditado "a união faz a força."
Numa recente entrevista, publicada no jornal "Correio do Estado", o prefeito de Corumbá disse que, em tempos passados, nas décadas de 80 e 90 do século passado, teria faltado vontade e maturidade política para se promover uma união em torno dos reais interesses de Corumbá e região.
Ouso discordar. Afinal, "a política é a arte de conciliar o inconciliável." No entanto, às vezes, isso é impossível, mesmo havendo vontade política e maturidade.
Quando há traição de uma das partes envolvidas num acordo político, que não visa interesses particulares, mas o bem de toda comunidade, torna-se impossível um convivência pacífica. Sei de vários exemplos, desde os tempos do senador Filinto Müller, no Mato Grosso integrado.
Hoje, Corumbá vive um espetáculo - fazendo uma comparação com uma peça teatral, no bom sentido -, apresentado em outra época, com outros atores.
Como escrevi, no início deste artigo, é muito bom ver o governador ser bem recebido em "solo sagrado" de Corumbá, por um prefeito que não fez campanha para ele, um senador que disputou e não ganhou a eleição para o governo do Estado e um deputado que integrou - com o prefeito e o senador - o Governo Popular, de Zeca do PT.
Viva a união, em prol do desenvolvimento e do progresso da Cidade Branca!
Mas, se voltarmos no tempo, ouviremos relatos dos mais antigos, sobre a época, por exemplo, do PSD e da UDN, tradicionais rivais na política. Quando um partido assumia o Governo, demitia todas as pessoas ligadas ao adversário. Prefeitos, às vezes, nem ao menos iam ao aeroporto, ou à estação ferroviária, para receber o governador, o deputado ou o senador.
Não havia, muitas vezes, clima propício para essa união. E, claro, quem perdia, na maioria das vezes, era o povo. Não precisa ser cientista político para entender isso.
Mas, era assim e pronto.
Outros políticos, como os integrantes da bancada federal do PSDB de Mato Grosso do Sul, nos dias atuais, defendem a tese de que o presidente reeleito pelo povo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), precisa ter uma oposição atuante, garantindo a alternância do poder, previsto em todas as democracias.
Para os tucanos, o povo disse, nas urnas, que o PSDB deveria ser oposição. Anos atrás, com o presidente Fernando Henrique Cardoso, eram governo; o PT fazia oposição, gritando "Fora, FHC!"
Assim é a democracia. Uns ganham e outros perdem as eleições.
Eu próprio, não ganhei em 1992. Decidi, então, permanecer na oposição ao prefeito eleito. Foi uma decisão pessoal e política. Poderia ter feito algum tipo de acordo político? Claro que sim. Mas a minha consciência não permitiria que eu dormisse em paz. Um antigo político já disse que "ser governo tem ônus e bônus." Ao invés do bônus do governo, preferi o ônus de permanecer, firme e forte, na trincheira da oposição democrática.
Assim é a vida. Assim é a política. Assim são os seres humanos.
Não se pode querer que todos sejam iguais. Normalmente, esse é o primeiro passo para o totalitarismo. Um só partido, uma só idéia no governo, sem mudanças ou questionamentos ao ditador.
Mas, voltando ao início, é muito bom ver a união que existe, hoje - não sei como será depois de 5 de outubro -, na nossa querida Corumbá.
É muito bom ter um governador, um deputado estadual, um prefeito e um senador unidos num só objetivo de progresso.
Só falta um deputado federal de Corumbá.
(*) Jornalista e radialista, escreve no Blog do Armando Anache (www.aanache.blogspot.com), no Pantanal News e na página "A luta de um repórter pela vida" (http://aaanache.googlepages.com/home)
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