'Forças Armadas não correram', diz general ao senador Simon
Fortaleza, 18 de janeiro de 2006
Prezado Senhor Senador Pedro Simon
Essa carta está sendo feita por quem teve o prazer de conhecê-lo pessoalmente e sempre procura ouvir seus discursos inflamados, no Senado da República. Sou aquele general que lhe falou na FIEC, em Fortaleza, onde batemos palmas, juntos, por um Brasil grande.
Ontem, quando Vossa Excelência defendia a candidatura própria para Presidente da República pelo seu partido, tomei um choque por uma grosseria que os militares não merecem. Lá pelo meio, no entusiasmo da palavra afirma: "Que, nós PMDB, não podemos esquecer que botamos para correr as Forças Armadas". Não sei se Forças Armadas ou Militares, pois foi muito rápido.
Não corri nem meus companheiros correram nem na guerra muito menos na paz. O Presidente Geisel entendeu que derrotado a guerrilha e pacificado o Brasil, era hora de entregar o governo a um Presidente civil. Não aceito a idéia de que o cargo de presidente seja privativo de civil. A Constituição garante que é de brasileiro, com mais de 35 anos. As Forças Armadas, nada tem com as canalhices de seu Partido e de outro qualquer. Não é assim que se constrói uma Nação. Se no seu partido, como ficou nas entre linhas do seu discurso, tem correligionários sem caráter ou outra característica, não é culpa das Forças Armadas. Não entendi a razão de Vossa Excelência não citar o nome do traidor dentro do seu Partido. Ficou-se a imaginar que poderia ser quem traiu sempre, pelas suas palavras, e como não somos especialistas em traições seria bom que Vossa Excelência publicasse o nome para que o povo brasileiro conhecesse e não mais votasse nele.
Já que Vossa Excelência diz que corremos seria o caso de dizer quando, onde e para onde. O general de Exército Boscacci Guedes, comandante do III Exército, quando Vossa Excelência era governador, afirmou para mim que Vossa Excelência merecia respeito por ser um homem de bem. Eu acredito na informação de meu amigo, mas com afirmações levianas como a de ontem, abala-me esse conceito.
O passado de luta já é história. Ficar removendo não é bom para o Brasil. Vossa Excelência deveria, pelo caráter que é possuidor, reconhecer que o Brasil cresceu e modificou-se com os governos militares, e tornando-se uma Nação de porte internacional. Os Presidentes Militares, até o atual presidente reconhece, eram homens dignos e pensavam na grandeza da Pátria. Não é possível que um homem de sua grandeza deixe levar-se pela mediocridade dos argumentos falsos. Agora mesmo, A revista ISTO È estampa um escândalo na Multinacional ITAIPÚ. Elogios da maravilha da obra e honra da engenharia brasileira. A maior hidroelétrica do mundo e que foi resultado de um protocolo assinado pelo Presidente Médici. A bandalheira foi montada a partir de 1991, governo COLLOR. Lá pelo meio da reportagem vem o ranço e por causa disso que é preciso modificar o que foi feito pela ditadura. Vossa Excelência vem com mofo de coisa velha.
Vou terminar com profunda tristeza. Vossa Excelência diminuiu-se, quando poderia ter se elevado. AS FORÇAS ARMADAS não estão interessadas nos candidatos de Vossa Excelência. Elas trabalham para o engrandecimento da Pátria. Graças ao BOM DEUS e a formação de seus homens não encontramos nenhum militar recebendo dinheiro vivo, cheques, propinas, cuecas com dólares, ou em relações dos caixas dois, valerioduto, SUDENE, SUDAM etc.
Só vou lhe pedir, por sua dignidade, que nas lutas Políticas não envolva as Forças Armadas. E caso Vossa Excelência possa algum dia reconhecer esse erro que cometeu, sairá engrandecido. E merecerá o respeito de todos os brasileiros, inclusive dos que dedicam suas vidas ao cumprimento das difíceis missões das Forças Armadas. Pelo menos para mim que me confesso magoado pela inconveniência que externou, possivelmente num arroubo de oratória.
Como não tenho a tribuna do senado - que usou para ferir publicamente as Forças Armadas, farei uso da INTERNET para publicar essa carta e atenuar a indignação dos militares que tiveram a infelicidade de ouvi-lo naquela ocasião, que foi um deslize de sua brilhante carreira.
Estou lhe enviando esta no dia 19 de janeiro de 2006 pelo seu e-mail para chegar logo, mas o farei via postal regular.
Atenciosamente
General de Divisão Reformado Francisco Batista Torres de Melo
Comentário do blog: Estive afastado do blog e do noticiário desde o fim de dezembro do ano passado até esta semana. Portanto, não tenho detalhes sobre o discurso do senador gaúcho, que admiro pela luta em defesa dos mais nobres valores democráticos, tais como honestidade, vergonha na cara, fidelidade e tantos outros que hoje em dia andam um tanto quanto esquecido neste Brasil assolado por uma grave crise moral.
Mas o blog tem o mesmo "slogan" que uso nos meus programas de rádio: "Aqui todos podem falar e expor suas opiniões. O leitor tira as suas conclusões."
Viva a liberdade - que não pode ser confundida com 'libertinagem' - de imprensa.
1 Comments:
Caro Armadinho. Minha opinião é que o senador Pedro Simon deva ter exagerado no discurso. É inegável que os governos militares tiveram feitos bons e ruins. Mas também é importante trilhar novos rumos e deixar velhos ranços para trás.
Mario Lacerda
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