Traficantes de facção rival invadem Rocinha e levam pânico a moradores da favela e da Gávea
RIO - No fim da tarde desta quarta-feira uma invasão de traficantes de uma facção rival àquela que comanda o tráfico de drogas na Rocinha deixou em pânico moradores da favela e da Gávea, ruas às escuras, uma criança de 12 anos morta e pelo menos três pessoas feridas.
O tiroteio entre as duas quadrilhas começou por volta das 18h, quando pelo menos 40 bandidos, todos vestidos de preto, com uniformes semelhantes ao do Bope, chegaram à Rocinha, divididos em quatro vans. Eles entraram pela Via Ápia, pela Marquês de São Vicente e pela mata. Os bandidos jogaram quatro granadas, dispararam contra os transformadores de energia e deram início a uma troca de tiros que durou, com pequenos intervalos, pelo menos três horas.
Para ler a notícia completa, no Globo Online, clique AQUI
Comentário do blog: Em 10 de abril de 1990, comecei uma campanha contra o narcotráfico, na fronteira do Brasil com a Bolívia.
No programa de rádio que apresentava, denunciava - com o apoio valioso da maioria da população - os pontos de venda de drogas nas cidades de Corumbá e Ladário.
Fui atacado por alguns políticos, que afirmavam que eu "denegria" a imagem da região. Eu perguntava se eles queriam que os traficantes dominassem completamente a fronteira. Não respondiam. Eram medíocres e invejosos demais para manter um debate de idéias em alto nível.
Recebi ameaças de morte. O estúdio onde eu apresentava o programa foi invadido. Por determinação judicial, tive direito a "garantia de vida" proporcionada por escolta de policiais militares. Estes, tempos depois, foram chamados de "capangas do Armandinho". Não eram jagunços nem pistoleiros. Repito: Eram policiais militares trabalhando por determinação judicial.
A história é longa. Um dia poderá ser contada, com muitos detalhes, num livro.
Hoje, ao noticiar as ameaças de morte recebidas pela família do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), natural da mesma querida cidade de Corumbá, relembrei aqueles anos e a angústia que sentia quqando imaginava o que poderia acontecer comigo, com a minha mulher e integrantes da minha família.
Aí está, 16 anos depois, o retrato da violência causada pelo narcotráfico na maravilhosa cidade do Rio de Janeiro, onde vivi durante 10 anos.
Como repórter, subi muitos morros cariocas. Acompanhei muitos tiroteios e invasões de favelas. Vi de perto o sofrimento dos moradores, que são trabalhadores honestos e decentes na esmagadora maioria. Eram e ainda são obrigados a viver sob o jugo da ditadura da minoria, representada por poucos mas poderosos traficantes.
E as drogas? Onde estão as origens da cocaína e da maconha? Será que são plantadas no Rio ou em São Paulo? Ou será que entram no Brasil pelas fronteiras escancaradas que temos?
Aqui na fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia e Paraguai, nem ao menos existem cães farejadores para auxiliar o trabalho policial.
Só quem é ameaçado pelo narcotráfico - um inimigo invisível, na maioria das vezes - sabe o sofrimento que vive.
Eu senti e ainda sinto na carne essa angústia. A angústia de saber que a sua luta - com erros e acertos, porque afinal de contas somos todos humanos e não deuses do Olimpo - é correta, mas incompreendida por poucos poderosos.
Ainda não fui "tocaiado numa rua deserta", como escreveu num editorial com o título "Exemplo" o jornal "O Globo" no inícios daqueles anos 1990, numa reportagem que mostrava a campanha contra as drogas que eu fazia ao lado do povo na emissora de rádio.
A História - com "H" maiúsculo - um dia haverá de mostrar quem estava com a razão. Se aqueles que combatiam o narcotráfico e por ele e seus representantes diretos e indiretos eram combatidos, ou os traficantes de drogas, que tantos males causam às comunidades e, principalmente, aos jovens.
Prefiro aguardar o julgamento implacável da História. No dos homens, infelizmente, eu não confio hoje com a mesma intensidade com a qual confiava em 1990.
Afinal de contas, está escrito na Bíblia: "Se combates o mal, pelo mal serás combatido; se combates os bons, pelos bons será combatido."
Graças a Deus, escolhi e continuo escolhendo o combate aos maus.
Eles são a minoria, mas muitas vezes são muito poderosos.
Continuo na luta. Nos microfones, na internet e no blog. E esse bloguinho já teve repercussão, ou os "15 minutos de fama", como algumas pessoas afirmaram.
Não apoio traficantes nem peço o apoio deles para nada.
Digo e repito: "É melhor morrer em pé do que viver de joelhos."
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