BRASÍLIA - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios cria amanhã duas sub-relatorias - a dos fundos de pensão e a do IRB-Brasil Re - para poder aprofundar as investigações. Segundo o líder do PT no Senado e presidente da CPI, Delcídio Amaral (MS), a comissão começa nesta semana a concentrar-se na análise técnica do suposto superfaturamento de contratos dos Correios e nas movimentações financeiras do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, além dos investimentos "temerários" dos fundos de pensão para beneficiar o PT e no tráfico de influência no IRB-Brasil.
A sub-relatoria dos fundos de pensão será coordenada pelo deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), enquanto a do IRB ficará com o deputado Carlos William (PMDB-MG), que passará a integrar a CPI, no lugar do deputado Fernando Diniz (PMDB-MG).
Não haverá depoimentos nesta semana. Um dos mais esperados, do chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência, Luiz Gushiken, marcado para amanhã, foi suspenso e deverá acontecer só no dia 13. No dia 14, deverá depor o banqueiro Daniel Dantas, do Banco Opportunity.
Os dois testemunhos são considerados importantes para ajudar a elucidar o papel dos fundos de pensão de estatais no esquema de transferência de dinheiro do PT para políticos. Há suspeita de que os fundos tenham feito investimentos altos demais nos Bancos Rural e BMG, que, em troca, concederam empréstimos indiretos ao PT, mesmo sabendo que as dívidas não seriam honradas.
Segundo ACM Neto, esta semana será dedicada a analisar os documentos que detalharão os investimentos dos fundos de pensão de estatais nos dois bancos. "Queremos ver se os fundos tiveram prejuízo, se investiram além do normal", disse. Os investimentos imobiliários e as aquisições de títulos públicos pós-fixados também começarão a ser investigados.
Gushiken é apontado como um dos mais influentes ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos fundos e fez indicações para as diretorias de vários. A influência dele teria causado uma desavença com o deputado José Dirceu (PT-SP). Dantas seria um aliado de Dirceu no embate com alguns fundos, segundo ACM Neto.
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