Artigo: Para Pacem (Prepara a paz)
Como surgem as fronteiras?
Elas surgem de acidentes geográficos... E de incidentes humanos!
Interesses políticos, econômicos, étnicos e religiosos multiplicam essas
muralhas de pedra ou pensamento desde o início da civilização. São
símbolos do poder temporal, efêmero, quase sempre sustentado com mentiras,
intolerância e violência. Demonstram, na verdade, uma renitente e
cultivada incapacidade de superação das limitações humanas, pelo uso
inadequado daquilo que deveria nos diferenciar dos outros seres vivos: a
razão!
Aos gananciosos, sádicos e ávidos de poder interessa expandi-las e impor
suas condições, mesmo que para isso tenham que preparar e fazer guerras,
onde inocentes perderão a liberdade, a sanidade ou vida em nome de seus
caprichos e desejos mesquinhos! Mas para os que crêem no futuro da
humanidade, as fronteiras são um desafio a ser superado mediante uma
estratégia muito mais audaciosa: Conhecer, entender, conviver e evoluir!
Coisa de sábios e cultos? Não! Coisa de crianças, que com seu "esperanto"
natural e sua alma pura são capazes de ignorar diferenças e olhar as
pessoas, a vida e o mundo sem fronteiras nem abismos. Para elas viver é um
imenso, divertido, querido e maravilhoso brinquedo!
Mas o que as faz perder essa pureza e divina universalidade?
São as fronteiras de espírito: preconceitos e medos, quase sempre
anacrônicos, infundados ou tendenciosos, que lhes transmitimos ou impomos!
Sim, porque o ódio e a discriminação racial, religiosa, cultural e social
são ensinados, ora sob o manto dissimulado de tradições e "valores
culturais", ora com requintes "científicos" e sofisticados, justificados
nas teses de doutores em estupidez e discórdia. Patéticas "escolas", que
restringem escolhas, tolhem o discernimento, descartam ou destroem o que
não compreendem ou dominam, confundem educação com adestramento e
pacifismo com covardia!
Mas, e se todas as religiões e correntes filosóficas do mundo resolvessem
ensinar apenas um princípio: o amor ao próximo, com a didática do exemplo
sincero e do diálogo franco e conciliador? E se entendêssemos que antes de
ensinar nossa ciência às crianças é preciso aprender com elas e resgatar o
que já fomos? Ensinar o bem sem perder o que já existe de bom!
Talvez essa seja a utopia das utopias, mas nada é impossível para quem,
como uma criança, não tiver fronteiras no espírito nem sombras no
pensamento!
Coisa de esperança... Coisa de fé! E se a fé remove montanhas, o que nos
impede de remover as várias, inexplicáveis e insustentáveis barreiras que
nos separam?
Se assim fizermos, as pedras desses muros - que, antes, dividiam -
servirão para pavimentar os caminhos que reaproximarão e deixarão fluir e
integrar a humanidade! Justiça poética...
A partir daí os obstáculos serão contornados ou transpostos, com
inteligência lúdica, e os caminhos aplainados e iluminados, com a
sabedoria dos ideais!
Quando atingirmos tal consciência, fronteiras serão, apenas, cercas
floridas, com porteiras sempre abertas; a humanidade será uma grande
família e a paz: uma divina, onipresente e perene conseqüência!
(*) Adilson Luiz Gonçalves
Escritor, Engenheiro e Professor Universitário
www.algbr.hpg.com.br
adilson@unisantos.br - prof_adilson_luiz@yahoo.com.br
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